Entre 2005 e 2014, o número de crianças de 4 a 5 anos matriculadas na educação básica no Brasil subiu de 72,5% para 89,1%. Também houve aumento no acesso à educação básica entre as crianças e jovens de 4 a 17 anos, passando de 89,5% para 93,6%. Esse avanço acarretou em aumento também no número de crianças que se deslocam até as escolas.
A falta de segurança no trânsito, porém, reforça a tendência de que, cada vez mais, esses deslocamentos sejam feitos em modos motorizados. Em paralelo, a violência urbana, aliada a condições sociais, culturais e econômicas das cidades, contribui para afastar as crianças dos espaços públicos.
Em Uberlândia (MG), um estudo conduzido pelo Instituto Saúde e Equilíbrio mostrou que 27% das crianças nos anos iniciais de ensino não sabem andar de bicicleta. Para reduzir esse índice e incentivar hábitos saudáveis desde cedo, uma parceria entre a prefeitura e o instituto responsável pelo estudo deu início a uma iniciativa inovadora: um projeto que está ensinando os alunos da rede municipal da cidade a andar de bicicleta.
“Esse é um aprendizado muito importante para a formação das crianças, que ganham segurança para pedalar, além de conhecerem melhor como funciona o trânsito”, comenta Liliane Ribeiro, coordenadora de ensino da Secretaria Municipal de Educação.
A iniciativa atende alunos a partir dos cinco anos de idade, que recebem os instrutores durante as aulas de educação física. As três primeiras escolas a receberem a prática são as Escolas Municipais Irmã Odélcia Leão Carneiro, Inspetora France Abadia e EMEI Cora Coralina. Além do aprendizado de uma prática saudável, o projeto busca promover a conscientização sobre o trânsito, abordando questões de segurança e como se deslocar. “Procuramos desenvolver esse conhecimento também para estimular a mobilidade sustentável. É importante saber andar de bicicleta, mas também entender o trânsito, como pedalar com segurança”, avalia Liliane.
Saber andar de bicicleta é o primeiro passo para que, no futuro, as crianças possam fazer a escolha por esse modo de transporte sustentável. Quando o aprendizado acontece já na escola, em um ambiente seguro, a probabilidade se torna ainda maior.
“A escola faz parte do cotidiano das crianças e adolescentes. Identificado como centro de uma atividade cotidiana repetida diariamente, é no entorno das instituições de ensino que elas caminham, vivenciam e experimentam sensações e medos que vão além da sala de aula. Tudo isso impacta as suas percepções.”
O trecho acima, retirado de uma orientação para política pública desenvolvida pelo WRI Brasil, reflete o impacto que os aprendizados na escola podem ter nas percepções e comportamentos que se desenvolverão a longo prazo. As crianças têm nas mãos o futuro da mobilidade e das cidades. Se estimuladas a perceberem a cidade como um organismo em constante mudança, resultado de suas escolhas, tendem a se tornar cidadãos e cidadãs conscientes, agentes ativos pelo desenvolvimento sustentável.
Qualidade para o transporte coletivo
A mobilidade sustentável em Uberlândia também conta com as ações para qualificar o transporte coletivo. A cidade mineira é membro do Grupo de Benchmarking QualiÔnibus, desenvolvido com o objetivo de melhorar a qualidade do transporte coletivo nas cidades brasileiras a partir do foco nos clientes do serviço. Criado pelo WRI Brasil com apoio da FedEx, o Grupo permite comparações entre os sistemas e encoraja as cidades a coletarem mais dados, a fim de conhecer seus pontos fortes e fracos e com quem podem trocar experiências e boas práticas.
Fonte: The CityFix Brasil